Se você acompanha notícias de tecnologia, provavelmente já ouviu falar sobre uma crise de memória RAM que está se formando. Os preços dispararam, fabricantes estão limitando produção, e a indústria de eletrônicos inteira está sentindo o impacto. Para entender como chegamos aqui, precisamos primeiro entender o que é DRAM e por que essa tecnologia aparentemente invisível é tão crucial para tudo, do seu smartphone aos servidores que alimentam a inteligência artificial.

O que é DRAM? Entendendo o básico
DRAM significa Dynamic Random Access Memory, ou memória de acesso aleatório dinâmica. É o tipo de memória que seu computador, celular e praticamente todos os dispositivos eletrônicos usam como memória principal de trabalho.
A palavra “dinâmica” vem do fato de que essa memória precisa ser constantemente “refrescada” (ou recarregada) para manter os dados armazenados. Cada célula de memória DRAM é composta por um capacitor minúsculo que armazena carga elétrica representando um bit de informação. O problema é que esses capacitores perdem essa carga naturalmente ao longo do tempo, então o sistema precisa recarregá-los milhares de vezes por segundo.
Esse processo de refresh constante consome energia e adiciona complexidade, mas torna a DRAM muito mais densa e barata de produzir do que alternativas como SRAM (Static RAM), que não precisa de refresh, porém ocupa muito mais espaço por bit armazenado. É por isso que a DRAM se tornou o padrão da indústria.
Tipos e gerações de DRAM
A DRAM evoluiu drasticamente ao longo dos anos. A nomenclatura DDR (Double Data Rate) domina o mercado de computadores há décadas, com cada nova geração dobrando aproximadamente a velocidade da anterior:
- DDR4 chegou ao mercado em 2014 e ainda é amplamente utilizada, especialmente em sistemas mais antigos e aplicações industriais. Opera com tensões de 1,2V e oferece velocidades de até 3200 MT/s (mega transferências por segundo).
- DDR5, lançada em 2020, trouxe melhorias significativas: velocidades iniciais de 4800 MT/s (chegando a 8400 MT/s em versões mais recentes), tensão reduzida para 1,1V e recursos de gerenciamento de energia mais sofisticados. Hoje, a DDR5 é o padrão para novos computadores e servidores.
- GDDR (Graphics DDR), otimizada para placas de vídeo. A GDDR6 e GDDR7 são projetadas especificamente para aplicações gráficas que demandam largura de banda extrema.
- HBM (High Bandwidth Memory), que merece atenção especial porque está no centro da crise atual.

A revolução do HBM e sua relação com a crise
HBM é uma tecnologia fundamentalmente diferente das gerações anteriores de DRAM. Em vez de chips lado a lado em uma placa, o HBM empilha múltiplas camadas de memória verticalmente, conectadas por vias microscópicas que atravessam o silício (TSVs, ou Through-Silicon Vias). Essas pilhas ficam montadas diretamente ao lado do processador, em um componente chamado interposer.
Essa proximidade física reduz drasticamente a distância que os dados precisam percorrer, permitindo larguras de banda astronômicas. Enquanto DDR5 usa barramento de 64 bits, o HBM3 trabalha com 1024 bits, alcançando velocidades de mais de 819 GB/s por stack. A próxima geração, HBM4, promete dobrar a interface para 2048 bits, atingindo até 3 TB/s de largura de banda.
Por que isso importa? Porque processadores de inteligência artificial, como as GPUs da Nvidia série H100 e B300, dependem absolutamente dessa banda extrema. Um modelo de IA com bilhões de parâmetros não pode aguardar dados chegando lentamente da memória tradicional. Os GPUs precisam ser constantemente alimentados com enormes volumes de dados, e o HBM é a única tecnologia que consegue acompanhar.
O problema é que produzir HBM é muito mais complexo e caro que DRAM convencional. Além de usar dies (unidades de silício) maiores, o processo de empilhamento vertical tem rendimentos (yields) significativamente menores. Segundo dados da indústria, fabricantes como Samsung ainda lutam com taxas de defeito mais altas no HBM, embora as margens de lucro compensem amplamente essas perdas.
Por que 2026 será crítico?
Aqui é onde as coisas ficam realmente complicadas. A demanda por IA generativa explodiu de uma forma que poucos previram. Empresas como Google, Microsoft, Amazon e Meta estão construindo data centers inteiros dedicados a treinar e executar modelos de linguagem e outras aplicações de IA. A Micron já pré-vendeu praticamente toda sua produção de HBM até 2026, e contratos que antes cobriam um trimestre agora se estendem por anos.
Os números são impressionantes. Os preços de DRAM subiram 171% ano a ano em 2025, impulsionados pela mudança de produção para HBM. Alguns fabricantes de PC relataram aumentos de até 500% nos custos de RAM, e grandes montadoras como Dell, Lenovo e HP já sinalizaram que aumentarão os preços de PCs em 15-20% no início de 2026.
Um estudo vazado da Xiaomi mostra que a empresa está orçando um aumento de aproximadamente 25% nos custos de DRAM por telefone para sua linha de 2026, o que poderia elevar um smartphone de US$ 500 para US$ 625 apenas pelos custos de memória. A Apple, com contratos massivos pré-negociados, conseguiu adiar o impacto nos preços.
Estratégias para navegar a crise
Para empresas que dependem de tecnologia, planejamento estratégico nunca foi tão importante. Algumas abordagens podem ajudar:
- Antecipe suas necessidades: esperar até o último momento para comprar hardware pode ser desastroso. Empresas precisam planejar expansões com meses de antecedência.
- Otimize sua infraestrutura existente: antes de comprar mais servidores, avalie se sua infraestrutura atual está sendo usada eficientemente. Muitas vezes há capacidade desperdiçada que pode ser recuperada com otimização de software.
- Considere alternativas arquiteturais: nem toda aplicação precisa rodar em servidores de última geração com DDR5. Alguns workloads podem ser migrados para hardware mais antigo ou instâncias de nuvem com diferentes perfis de custo-benefício.
- Invista em desenvolvimento eficiente: aplicações otimizadas pagam dividendos em ambientes onde recursos são escassos e caros.
A NextAge oferece exatamente esse tipo de expertise estratégica. Nossos projetos de escopo referencial dão ao gestor de TI a previsibilidade necessária para planejar projetos de TI. Em um mercado onde incerteza, ter parceiros que entendem tanto de tecnologia quanto de negócios se torna essencial.

Equilíbrio entre software e hardware
DRAM é uma dessas tecnologias fundamentais que normalmente é invisível até deixar de funcionar. A crise atual está revelando o quão crítica essa tecnologia é para toda a indústria de eletrônicos. De smartphones a data centers, de carros conectados a dispositivos IoT, tudo depende de DRAM funcionando eficientemente.
Para profissionais e gestores de tecnologia, entender essas dinâmicas de hardware é importante. As decisões que você toma sobre arquitetura de software, escolhas de infraestrutura e planejamento de capacidade têm impactos diretos e mensuráveis nos custos e na viabilidade de projetos.
A boa notícia é que desafios técnicos criam oportunidades para inovação. Empresas que conseguem desenvolver soluções mais eficientes, que fazem mais com menos recursos, que antecipam mudanças no mercado, são as que vão prosperar independentemente do que aconteça com preços de hardware.
A NextAge está pronta para ser sua parceira nessa jornada. Vamos conversar sobre como levar inovação e eficiência para seu negócio? Entre em contato com a NextAge e descubra como podemos transformar desafios tecnológicos em vantagens competitivas.





