Muitos sistemas ainda rodam utilizando linguagens de programação que caíram em desuso ou deixaram de receber atualizações e suporte. À primeira vista, manter um sistema assim pode parecer uma economia, afinal, se está funcionando, para quê mexer?. Entretanto, por trás dessa estabilidade, escondem-se riscos sérios, custos crescentes e uma perda contínua de competitividade.
Na maioria dos casos, as linguagens de programação têm ciclos de vida longos, entre 20 e 30 anos, mas isso não significa necessariamente que continuam relevantes ou indicadas para novos projetos. Segundo o site Codefinity (2023), a falta de atualizações, o abandono por parte da comunidade e o lançamento de novas linguagens todo ano são alguns dos motivos que contribuem para que uma linguagem se torne legada.
É importante pontuar que o termo “legado” não é uma condenação, mas somente uma descrição da posição de uma linguagem que não é mais a primeira escolha para projetos. Embora a sua utilização posso diminuir, as linguagens legadas ainda podem ter um papel importante em sistemas e projetos que precisam ser mantidos e adaptados às novas necessidades.
Alguns exemplos disso são a COBOL, surgida em 1959 e ainda muito utilizada em bancos e governos, PHP, linguagem muito popular no passado, mas que hoje em dia é substituída pelo TypeScript, e Delphi, que dominou os anos 90, mas que hoje é raridade.
Pensando nisso, a NextAge preparou esse blog para demonstrar quais são os riscos de utilizar um sistema desatualizado e revelar duas estratégias para modernizar sem travar suas operações (nem seu orçamento).
Por que manter um sistema desatualizado é um risco real?
Mesmo que não haja falhas visíveis no dia a dia, os impactos de um sistema obsoleto são profundos e crescentes:
- Vulnerabilidades conhecidas: sistemas antigos não recebem mais atualizações de segurança. Isso abre brechas para ataques cibernéticos, invasões, roubo de dados, ransomware e fraudes. Um exemplo disso foi o ataque WannaCry, que surgiu pela primeira vez em maio de 2017, e afetou milhares de empresas por explorarem sistemas com Windows antigo e sem patch;
- Escassez de profissionais: com o passar do tempo, as linguagens antigas deixam de ser ensinadas nas faculdades e bootcamps. Isso resulta em menos desenvolvedores conhecem ou se interessam por tecnologias antigas. Segundo um levantamento da StackOverflow (2023) mostrou que menos de 1% dos desenvolvedores hoje dizem usar linguagens como COBOL no dia a dia;
- Problemas de integração: em um ecossistema de software cada vez mais integrado, que utiliza APIs, nuvem, automações e inteligência artificial, sistemas antigos enfrentam dificuldades com integração;
- Baixa capacidade de inovação: a equipe perde tempo com correções e não consegue avançar. Como resultado, a equipe vira reativa, e não proativa, correndo atrás do prejuízo, ao invés de liderar o mercado.
Como modernizar sua base tecnológica?
Dependendo do contexto da empresa e dos objetivos, existem dois caminhos principais para sair do risco e entrar no futuro: uma abordagem mais robusta e escalável, e outra mais pragmática e econômica.
Estratégia 1: Migração Estado da Arte – Arquitetura Moderna, Escalável e Pronta para o Futuro
Essa estratégica é ideal para empresas que desejam se reestruturar tecnologicamente com visão de longo prazo. Geralmente, esse modo exige orçamento e apoio estratégico, além de ser a solução para quando o sistema atual trava a inovação.
Para isso é possível utilizar as possíveis tecnologias e ferramentas:
- Strangler Pattern: migrar partes do sistema gradualmente sem impacto na operação;
- Microsserviços / Arquitetura Modular: dividir responsabilidades para facilitar escalabilidade;
- APIs REST ou GraphQL: padronizar a comunicação entre os módulos antigos e os novos;
- Docker + Kubernetes: empacotar e orquestrar serviços de forma portátil e escalável;
- CI/CD (GitHub Actions, GitLab CI, Bitbucket Pipelines): pipelines automatizados de build, teste e deploy;
- Monitoramento moderno: Prometheus, Grafana, Sentry ou Datadog para acompanhar performance e erros;
- Testes Automatizados (JUnit, Jest, Cypress, Playwright): garantir que cada etapa da migração mantém o sistema íntegro.
Entre os benefícios dessa estratégia estão a redução definitiva de riscos técnicos, estrutura moderna, com ganhos de performance, segurança e escalabilidade, além de um código mais limpo que está preparado para a evolução contínua.
Estratégia 2: Migração Acelerada – Rápida, com Foco em Riscos e Manutenção
Já quando se pensa em uma solução mais rápida e pontual essa é a melhor escolha. É a solução perfeita para empresas que possuem limitação de tempo e orçamento, sendo necessária a redução de riscos críticos sem reescrever tudo. Ainda, é aplicável para quando o sistema ainda atende às necessidades básicas do negócio.
Para tal, pode-se usar as seguintes tecnologias e ferramentas:
- Bridge Adapters ou API Gateways (ex: Kong, Express Gateway): integrar sistema antigo e novo de forma intermediária;
- Refatorações pontuais com ferramentas de parsing (Tree-sitter, ANTLR): modernizar código legado sem o reescrever do zero;
- Virtualização (ex: Docker): empacotar o sistema antigo para rodar em ambientes modernos;
- Upgrade incremental da linguagem: subir da versão X.X para Y.Y em etapas pequenas (ex: de Java 8 para 11, depois para 17);
- Ferramentas de transição como Babel (para JS), Polyfills e transpilers: manter compatibilidade com código mais novo mesmo sem reescrita total;
- Ferramentas de monitoramento leve (ex: Elastic Stack, Uptime Kuma): acompanhar os módulos ainda legados e detectar falhas antes que virem crises.
Para realizar a migração, é possível reescrever somente os módulos com mais bugs ou mais vulneráveis a ataques. Também é possível criar wrappers ou APIs ao redor de funções antigas e atualizar a linguagem por partes, mantendo a compatibilidade com dependências existentes.
Entre os benefícios dessa estratégia estão a redução rápida de riscos, menor investimento inicial e menos paradas e impactos na operação.
Qual abordagem seguir?
A escolha depende do contexto do seu negócio, do papel estratégico do sistema, do orçamento e da urgência dos riscos. Mas uma coisa é certa: ficar parado não é uma opção.
Se você não sabe por onde começar, nossa equipe pode fazer um diagnóstico técnico completo e recomendar o melhor caminho — com dados, planejamento e segurança.
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