Nas últimas décadas, a biotecnologia tem se consolidado como uma das áreas mais inovadoras e transformadoras da ciência. Capaz de manipular organismos vivos para desenvolver soluções que vão desde novos tratamentos médicos até formas sustentáveis de produção de alimentos e energia, essa tecnologia tem poder de revolucionar diversos setores.
Embora os holofotes ainda estejam voltados ao avanço da Inteligência Artificial (IA), a biotecnologia é uma força igualmente poderosa. Ela pode redefinir indústrias inteiras e trazer soluções revolucionárias para os maiores desafios globais, como a saúde pública (e saúde digital), as mudanças climáticas e a segurança alimentar.
Nos últimos anos, a Inteligência Artificial dominou as manchetes e investimentos em tecnologia. Tendo um impacto direto em diversos setores da economia, previsões apontam para um crescimento do valor de mercado de 36.6%, passando de US$93,27 bilhões em 2020 para US$826,73 bilhões até 2030.
Mas e se disséssemos que essa não é a única tecnologia com um grande potencial? O setor de biotecnologia, que cresce entre 12% e 15% ao ano, pode eventualmente tomar a liderança na revolução tecnológica.
No podcast Market Makers, Cristiano Souza, ex-Dynamo e atual CEO da Zeno Equity Partners, ressaltou que o poder transformador da biotecnologia não deve ser subestimado. Sua capacidade de influenciar áreas como saúde, agricultura e energia limpa indica que, nas próximas décadas, ela trará inovações mais significativas do que imaginamos, superando até mesmo a IA e remodelando a forma como vivemos e interagimos com o mundo.
Segundo a Skyquest, a previsão de crescimento do setor de Biotecnologia é de 13.9% ao ano, passando de US$1 trilhão em 2022 para US$3,90 trilhões até 2031.
Esses avanços não são apenas incrementais; são inovações que podem revolucionar indústrias inteiras, criando novas oportunidades e desafios no cenário global. Estamos falando do desenvolvimento de novos tratamentos médicos e da criação de biocombustíveis sustentáveis, por exemplo.
A biotecnologia é o uso de sistemas biológicos, como organismos vivos ou células, para desenvolver novos produtos e processos inovadores. É uma tecnologia que combina várias disciplinas, como genética, bioquímica, bioengenharia e biologia molecular, e pode ser aplicada em áreas como medicina, agricultura e indústria.
Um exemplo bastante clássico é o uso de leveduras na fermentação para produção de alimentos e bebidas, mas a biotecnologia não para por aí: avanços recentes, como a engenharia genética, possibilitaram manipulações precisas no DNA.
Isso abre portas para inovações que até então eram coisa de filmes, como:
O potencial revolucionário da biotecnologia está em sua capacidade de resolver alguns dos maiores desafios da sociedade moderna. Um dos seus avanços mais promissores é a criação de tratamentos inovadores, como a imunoterapia, que utiliza o próprio sistema imunológico do paciente para combater doenças como o câncer.
Na indústria, a biotecnologia transforma a produção de materiais, como no caso da criação de bioplásticos, que são biodegradáveis e ajudam a reduzir o impacto ambiental gerado pelo uso de polímeros tradicionais derivados do petróleo.
Além disso, técnicas como a bioimpressão 3D estão possibilitando a produção de órgãos e tecidos humanos, oferecendo novas esperanças para transplantes e tratamentos médicos.
O setor também se destaca na busca por soluções sustentáveis para o meio ambiente, um tema cada vez mais relevante no cenário global. Por exemplo: a chamada biorremediação, ou seja, o uso de micro-organismos para despoluir solos contaminados e águas poluídas por resíduos industriais.
Um dos fatores que mais diferencia a biotecnologia de outras tecnologias disruptivas, e que pode estar impulsionando esse crescimento previsto de até 15% ao ano, é sua relação praticamente simbiótica com a Inteligência Artificial.
Enquanto muitas tecnologias têm a IA como uma concorrente, a Biotecnologia é complementada por ela. A inteligência artificial ajuda na análise de grandes volumes de dados biológicos e pode acelerar o desenvolvimento de novas terapias e produtos. Conforme a IA avança, a biotecnologia também avança.
No centro da cadeia de produção da biotecnologia, quatro gigantes controlam a oferta de materiais e equipamentos essenciais: Thermo Fisher, Danaher, Sartorius e Merck KGaA.
Essas empresas, além de dominarem o fornecimento global, possuem uma vantagem competitiva significativa devido ao "custo de troca", ou seja, o custo elevado que teriam para encontrar outro fornecedor, o que mantém os fabricantes de medicamentos biotecnológicos dependentes de seus serviços.
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A principal vantagem é sem dúvidas o enorme potencial de crescimento, impulsionado pela demanda crescente por produtos biotecnológicos, especialmente em áreas como saúde, agricultura sustentável e de precisão e energia limpa. A inovação contínua em terapias avançadas, vacinas e soluções para problemas globais, como a mudança climática, tudo isso impulsionado pela Inteligência Artificial, abre caminhos muito promissores.
No entanto, o setor tem uma alta dispersão de resultados, o que aumenta a incerteza sobre o retorno do investimento. Afinal, nem todas as empresas que lideram pesquisas e desenvolvimentos conseguem transformar seus avanços científicos em produtos viáveis e lucrativos.
A complexidade e o longo ciclo de desenvolvimento de novos medicamentos biológicos e terapias, somados aos rigorosos processos de aprovação regulatória, tornam o investimento em biotecnologia arriscado. Além disso, falhas em testes clínicos, por menores que sejam, ou obstáculos regulatórios podem resultar em perdas.
Uma maneira de reduzir esses riscos é direcionar os investimentos para empresas que dominam a cadeia de suprimentos da biotecnologia, como as mencionadas acima, e contar com um bom planejamento estratégico. Essas empresas têm uma posição privilegiada no mercado por fornecerem os equipamentos e materiais essenciais utilizados por indústrias farmacêuticas e de tecnologia médica, além de terem contratos de longo prazo e clientes de grande porte.
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