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A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando a tecnologia e os negócios, mas também levanta questões críticas que líderes de TI precisam compreender para tomar decisões informadas. Ignorar esses aspectos pode significar a diferença entre sucesso e obsolescência. Aqui estão sete fatos inegáveis que você precisa saber sobre IA.

Homem segurando uma imagem digital de um rosto com circuitos, simbolizando a fusão entre Inteligência Artificial e liderança em TI.

1 – Não Confie, Sempre Verifique

A IA é incrível, mas não infalível e definitivamente não é a dona da verdade. Modelos de IA, especialmente os generativos, como Chat-GPT, Gemini e o recente DeepSeek, podem alucinar informações, o que significa gerar respostas plausíveis, como um verdadeiro palestrante motivacional, mas incorretas. Isso acontece porque esses modelos não “sabem” o que é verdade ou falso — eles apenas calculam probabilidades e geram respostas coerentes com base nos dados de treinamento. O problema? Esses dados podem estar desatualizados, enviesades ou simplesmente errados.

Seja na geração de relatórios, no suporte ao cliente ou até mesmo na tomada de decisões importantes, confiar cegamente na IA pode ser um erro grave (e caro). O melhor a se fazer é adotar uma abordagem mais crítica no uso de IA, implementando mecanismos de verificação, cruzando dados e usando a IA como ela realmente deveria ser usada: uma ferramenta de apoio, não um oráculo.

2 – Tudo Depende do Prompt

A qualidade da saída de um modelo de IA está diretamente ligada à qualidade do input, ou seja, a mensagem que você envie e a partir da qual ela constrói uma resposta. Um prompt vago ou mal formulado gera respostas genéricas, imprecisas ou até completamente erradas. Por outro lado, um prompt bem estruturado transforma a IA em um verdadeiro aliado estratégico.

O segredo? Ser específico, direto e detalhista. Em vez de dizer “resuma este relatório“, experimente “Resuma o relatório abaixo em cinco tópicos objetivos, destacando os principais desafios e recomendações para o próximo trimestre“. Uma mudança simples, mas a qualidade da resposta será gritante.

Como criar um prompt eficiente?

  1. Dê contexto – A IA precisa de um cenário claro. Se você quer uma análise de mercado, informe qual setor, região e o que exatamente deseja descobrir. Dê referências, links, resumos e tudo o que tiver à disposição.
  2. Seja detalhado sobre o formato esperado – Se precisa de um relatório em bullet points, peça explicitamente. Se quer um código em Python, indique isso logo de início. Não espere que ela adivinhe.
  3. Forneça exemplos – Modelos de IA aprendem melhor quando você dá referências. Se deseja um e-mail profissional, inclua um exemplo de tom e estrutura para a IA se basear.
  4. Use separadores e marcações – Delimite bem as partes do prompt com aspas, colchetes ou separadores como """, ajudando a IA a entender onde começa e termina cada bloco de informação.
  5. Evite pedidos genéricos – Frases como “Me ajude com isso” não funcionam bem. Explique exatamente o que precisa para obter respostas mais úteis.

O prompt perfeito muitas vezes não sai na primeira tentativa. Faça testes, ajuste termos e refine suas instruções conforme necessário. Modelos de IA respondem melhor quando treinados com prompts progressivamente mais elaborados, usando a abordagem zero-shot, few-shot e fine-tuning para obter mais precisão.

3 – IA Generativa é Apenas um Tipo de IA

Se você acha que “IA” é um conceito único e homogêneo, está dormindo no ponto. A IA generativa pode estar roubando os holofotes, mas ela é apenas um dos muitos tipos de inteligência artificial que vêm transformando o mundo dos negócios. Assim como não usamos a mesma ferramenta para tudo na vida, não podemos tratar todas como se fossem iguais.

Para simplificar, imagine a nossa amiga IA como uma caixa de ferramentas. Dentro dela, temos diferentes modelos especializados para tarefas distintas:

  1. IA Generativa – O artista criativo da família. É a IA que cria algo novo a partir do zero: textos, imagens, músicas, códigos e até vozes realistas. Exemplos incluem ChatGPT, DALL·E e Midjourney, que geram conteúdo original com base em padrões aprendidos.
  2. IA Preditiva – O vidente analítico. Ela não cria nada novo, mas analisa dados históricos para prever tendências e comportamentos futuros. É usada no mercado financeiro para prever flutuações de ações, no varejo para antecipar tendências de compra e na saúde para identificar riscos de doenças antes que elas aconteçam.
  3. IA Conversacional – O atendente sempre disponível. São os famosos chatbots e assistentes virtuais, como Alexa, Google Assistant, NoBotz.ai e os sistemas de suporte automatizado. Eles usam processamento de linguagem natural (NLP) para entender e responder a perguntas de forma mais humana.
  4. IA Tradicional (ou Regras e Automação) – O trabalhador incansável. Diferente das outras, essa IA segue regras rígidas e pré-programadas. Um bom exemplo são os sistemas de automação industrial e chatbots antigos que só entendem respostas exatas.

Por que isso importa?

Simples: porque não adianta tentar usar um martelo para apertar um parafuso. Cada tipo de IA tem uma função específica e escolher a errada para o problema leva a desperdício de recursos e expectativas frustradas.

Quer prever a demanda de produtos para o próximo trimestre? Use IA preditiva. Precisa automatizar interações com clientes? A IA conversacional é a melhor escolha. Quer gerar um relatório detalhado ou uma campanha publicitária do zero? Agora sim, a IA generativa entra em cena.

A chave para o sucesso com IA nos negócios não é simplesmente “usar IA”, mas entender qual tipo de IA melhor se encaixa na sua estratégia. O líder de TI que souber diferenciar essas categorias terá uma vantagem competitiva enorme, otimizando processos e maximizando resultados.

4 – IA é um Catalisador de Crescimento

Se você ainda enxerga a Inteligência Artificial como uma ferramenta opcional, é hora de repensar. A IA não é apenas um complemento – ela está redefinindo a maneira como empresas inovam, escalam e competem. Quem souber utilizá-la de forma estratégica vai ditar as regras do jogo; quem ignorá-la, corre o risco de ficar para trás.

Desde que a IA generativa explodiu no mercado, a adoção empresarial cresceu de forma vertiginosa. Em apenas 60 dias após seu lançamento, o ChatGPT atingiu 100 milhões de usuários – um marco o TikTok, outro fenômeno contemporâneo, demorou nove meses para alcançar. E não são apenas consumidores brincando com IA: CEOs e investidores estão apostando alto, injetando bilhões em startups que utilizam IA para revolucionar desde o marketing até o desenvolvimento de produtos.

O motivo? A IA entrega resultados. Empresas que a incorporam de forma estratégica já estão vendo ganhos expressivos em produtividade, experiência do cliente, eficiência operacional e inovação. E o mais interessante: o maior valor da IA não está em substituir pessoas, mas em amplificar suas capacidades.

O que empresas bem-sucedidas estão fazendo com IA

Líderes que realmente entendem IA não estão apenas experimentando sem direção – eles estão focando em aplicações que resolvem problemas concretos e trazem vantagem competitiva. Algumas das principais frentes de impacto incluem:

  • Automação Inteligente: Redução de tempo gasto em tarefas repetitivas, liberando equipes para atividades estratégicas.
  • Inovação Acelerada: Modelos generativos ajudam a criar novos produtos, testar conceitos e gerar ideias inovadoras.
  • Personalização em Escala: Experiências hiperpersonalizadas para clientes, impulsionando engajamento e fidelização.
  • Eficiência Operacional: Otimização da cadeia de suprimentos, previsão de demandas e análise de riscos em tempo real.

Se por um lado a IA está impulsionando empresas para o próximo nível, por outro, aquelas que hesitam em adotá-la estão perdendo espaço. Em uma pesquisa recente, 64% dos CEOs relataram estar sob forte pressão para acelerar a adoção da IA em suas organizações (via Deloitte). O motivo? Seus concorrentes já estão fazendo isso.

O mundo corporativo não tem espaço para indecisão quando se trata de inovação. Empresas que esperam demais para adotar IA podem descobrir tarde demais que foram ultrapassadas por concorrentes mais ágeis e adaptáveis.

5 – IA Não Pensa — Apenas Calcula

A IA pode derrotar campeões de xadrez, gerar textos convincentes e até compor música clássica, mas há algo que ela não pode fazer (ainda): pensar de verdade. Apesar de parecer inteligente, a IA não possui consciência, intuição ou criatividade genuína – ela apenas processa dados de forma altamente sofisticada e estatística.

Pense na IA como uma calculadora de texto, no caso da generativa. Ou como um supercomputador de padrões. Ela recebe um input, analisa trilhões de possibilidades e entrega uma saída com base em probabilidades matemáticas. Parece impressionante (e de fato é), mas há um detalhe crucial: ela não entende o que está dizendo, apenas prevê qual é a resposta mais provável para determinada situação. Não adianta perder tempo tentando fazer a IA tomar consciência de si mesma e se rebelar contra seus criadores — não é bem assim que funciona.

Lembra que comentamos sobre alucinações? Então: a IA generativa, como o ChatGPT, pode “alucinar” informações, ou seja, inventar fatos que parecem plausíveis, mas que são completamente falsos. Isso ocorre justamente porque ela não “sabe” se algo é verdadeiro ou falso – ela apenas prevê a resposta mais coerente de acordo com seus dados de treinamento. E tem um objetivo muito claro: satisfazer o prompt do usuário.

Da próxima vez que alguém disser que a IA está “pensando”, lembre-se: ela não pensa – apenas calcula. E nisso, ela é bem competente.

6 – Modelos Treinados em Dados Ruins Produzem Dados Ruins

Na inteligência artificial, a qualidade dos dados é tudo. Não importa o quão avançado seja o modelo: se ele for treinado com dados falhos, enviesados ou desatualizados, ele vai produzir resultados ruins. Esse é o famoso princípio do Garbage In, Garbage Out (GIGO) – ou seja, se a entrada for lixo, a saída será lixo também.

Modelos de IA aprendem com exemplos. Se forem alimentados com informações incompletas ou tendenciosas, eles não apenas aprendem os erros, mas os amplificam. O resultado? Decisões imprecisas, falhas operacionais e, em muitos casos, efeitos prejudiciais na vida real.

  • Reconhecimento Facial e o Viés Racial: Um estudo do MIT Media Lab revelou que sistemas de reconhecimento facial treinados com dados enviesados têm taxas de erro muito maiores para pessoas negras e mulheres em comparação com homens brancos. Isso acontece porque os modelos foram treinados com bancos de imagens predominantemente compostos por rostos de homens brancos.
  • Sistemas de Recrutamento Discriminatórios: Grandes empresas de tecnologia já enfrentaram problemas com IA no recrutamento porque seus algoritmos foram treinados com dados históricos enviesados. Se um sistema aprende com currículos onde a maioria dos contratados eram homens, ele pode acabar rejeitando mulheres automaticamente, perpetuando desigualdades do passado.
  • Recomendações Erradas e Perdas Financeiras: Plataformas de e-commerce e streaming podem perder milhões se seus sistemas de recomendação forem treinados com dados incompletos. Um modelo que sugere produtos irrelevantes afasta clientes e prejudica as vendas.

Lembre-se: treinar (ou adotar) um modelo de IA sem cuidar da qualidade dos dados é como construir um arranha-céu sem revisar os cálculos estruturais – mais cedo ou mais tarde, tudo pode desmoronar.

7 – IA Não Elimina Empregos, Mas Transforma Funções

Embora seja verdade que a automação está mudando o mercado de trabalho, a IA não elimina empregos – ela transforma funções. A história já nos mostrou que, sempre que uma grande revolução tecnológica acontece, novas profissões surgem enquanto algumas funções se tornam obsoletas. Com a IA, não será diferente. Desde a invenção da máquina a vapor até a popularização dos computadores, todas as grandes inovações tecnológicas geraram receio de desemprego em massa. No entanto, o que realmente aconteceu foi a reconfiguração das atividades humanas, com profissões se adaptando à nova realidade.

Hoje, a IA está desempenhando esse mesmo papel, especialmente em tarefas repetitivas, burocráticas e de baixa complexidade.

  • Automação de tarefas repetitivas: Processos como entrada de dados, triagem de currículos e atendimento ao cliente via chatbots são exemplos de atividades que a IA pode realizar de forma mais eficiente.
  • Apoio à tomada de decisão: Modelos preditivos ajudam profissionais da saúde, finanças e marketing a tomar decisões mais embasadas, sem substituir o papel humano no processo.
  • Aumento da produtividade: Ferramentas de IA permitem que trabalhadores foquem em atividades estratégicas e criativas, em vez de perder tempo com tarefas operacionais.

O verdadeiro impacto da IA não é a substituição de pessoas, mas a necessidade de requalificação profissional. Profissionais que aprendem a trabalhar com IA terão uma vantagem competitiva, enquanto aqueles que resistirem à mudança podem ficar para trás.

💡 Exemplos de profissões transformadas pela IA:

  • Jornalismo: Softwares de IA podem gerar relatórios financeiros ou cobrir eventos em tempo real, mas a análise crítica e a narrativa humana continuam insubstituíveis.
  • TI e Segurança Cibernética: Profissionais que antes passavam horas analisando logs agora usam IA para detectar ameaças automaticamente, focando na estratégia e prevenção.
  • Marketing e Vendas: Ferramentas de IA personalizam campanhas publicitárias, mas o conhecimento sobre comportamento do consumidor e criatividade humana continuam fundamentais.

Fica a dica final: o maior erro que uma empresa pode cometer ao implementar IA é enxergá-la como uma forma de reduzir custos eliminando pessoas, quando o real benefício é aumentar a eficiência, produtividade e inovação.

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a.garcia@nextage.com.br

Alexandre Garcia Peres — Redator da NextAge.

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