Por séculos, as contribuições das mulheres na tecnologia foram marginalizadas. No entanto, visionárias como Ada Lovelace e Fei-Fei Li têm transformado profundamente o mundo digital, quebrando barreiras e moldando o futuro da ciência e da tecnologia.
Considerada a primeira programadora da história, Ada Lovelace teve um papel central na conexão entre matemática e imaginação criativa. Filha do poeta Lord Byron, ela herdou de sua mãe, Anne Isabella Milbanke, o interesse pelas ciências exatas e foi incentivada a seguir o caminho da lógica e da matemática. No entanto, Lovelace não via a matemática como um campo puramente técnico: ela enxergava o raciocínio lógico como uma forma de poesia, o que a levou a inaugurar o termo “ciência poética”.
Trabalhando com Charles Babbage, considerado por muitos o "pai dos computadores", Lovelace ficou fascinada com o projeto da máquina analítica, uma espécie de protótipo do que hoje chamamos de computador. Ela foi além da visão de Babbage, que via o dispositivo apenas como uma ferramenta para cálculos numéricos. Em suas notas, especialmente na famosa Nota G, Lovelace escreveu o primeiro algoritmo destinado a ser processado por uma máquina — o que a tornou a primeira pessoa na história a conceber a ideia de um programa de computador.
E sua genialidade não parou por aí. Ela antecipou, mais de um século antes da era digital, que essas máquinas poderiam ser aplicadas a outras áreas, como arte, música e ciência, abrindo caminho para o conceito de que computadores poderiam processar não apenas números, mas também símbolos e outras informações complexas.
Enquanto Ada Lovelace desbravou o caminho da programação, Fei-Fei Li está liderando a revolução da inteligência artificial (IA) no século XXI. Natural da China, Fei-Fei foi responsável por um dos maiores avanços na área de visão computacional: o ImageNet, uma vasta base de dados que permitiu treinar algoritmos para reconhecer e interpretar imagens.
O projeto ImageNet, que compilou milhões de imagens, foi fundamental para o desenvolvimento de sistemas de IA capazes de "ver" e entender o mundo visual. Antes disso, os sistemas tinham grande dificuldade em interpretar imagens complexas. Com o ImageNet, o campo de visão computacional evoluiu muito, abrindo caminho para as atuais tecnologias de reconhecimento facial, automação de veículos, diagnósticos médicos por IA etc.
Conhecida como a “madrinha da IA”, Fei-Fei também tem sido uma defensora ativa de uma IA mais inclusiva, responsável e ética. Ela defende a necessidade de treinar os sistemas de inteligência artificial com uma base de dados diversificada e representativa, para evitar vieses e discriminações.
Como cofundadora do AI4ALL, ela também trabalha para democratizar o acesso à educação em IA, especialmente para jovens de grupos sub-representados, incluindo meninas e minorias.
Hedy Lamarr é frequentemente lembrada por seu brilho nas telas de cinema como uma estrela de Hollywood, mas seu legado vai muito além da atuação. Nascida Hedwig Eva Maria Kiesler na Áustria, ela fugiu de um casamento opressor com um magnata das armas e, ao se estabelecer nos Estados Unidos, reinventou-se como atriz e também como uma inventora brilhante.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ela dedicou seu tempo livre a pensar em soluções para problemas militares complexos. Observando como as comunicações dos Aliados podiam ser interceptadas pelos inimigos, ela co-inventou com George Antheil uma tecnologia revolucionária: o salto em frequência (FH).
Lamarr co-desenvolveu um sistema de comunicação por espectro espalhado, de forma que os sinais de rádio saltassem entre diferentes frequências, dificultando a interceptação ou o bloqueio por terceiros.
Originalmente projetado para guiar torpedos aliados, o conceito foi ignorado pelas autoridades militares da época por ser considerado "muito complexo". Porém, décadas depois, essa invenção foi redescoberta e usada para o desenvolvimento de tecnologias modernas como Wi-Fi, GPS e Bluetooth.
Se há alguém responsável por transformar sonhos de exploração espacial em realidade, essa pessoa é Gwynne Shotwell, presidente e COO da SpaceX. Sob sua liderança, a empresa se tornou uma gigante no setor aeroespacial privado, redefinindo o conceito de exploração espacial.
Quando Shotwell ingressou na SpaceX, em 2002, a empresa ainda era uma promessa ambiciosa, liderada por Elon Musk. No entanto, foi Shotwell, e não Musk, quem orquestrou as operações que fizeram a SpaceX garantir alguns dos contratos mais importantes com a NASA.
Por exemplo: o trabalho de Shotwell foi essencial para o desenvolvimento e lançamento do Falcon 9, o primeiro foguete reutilizável do mundo, reduzindo drasticamente os custos. Além disso, sob sua gestão, a SpaceX atingiu marcos históricos, incluindo o primeiro voo comercial tripulado ao espaço em 2020, e o lançamento da missão Crew Dragon no mesmo ano, levando astronautas à Estação Espacial Internacional.
Entre as próximas metas de Shotwell estão a expansão do setor de turismo espacial e a ambiciosa missão de colonizar Marte.
Na década de 1940, como uma das primeiras mulheres a trabalhar com computadores, Hopper explorou caminhos em uma área dominada por homens, estabelecendo-se como uma visionária da era digital.
Seu trabalho mais notável foi o desenvolvimento do primeiro compilador, uma ferramenta essencial que permitiu a tradução de linguagem humana em código computacional. Antes disso, programar envolvia escrever sequências complexas de comandos em linguagens exclusivamente técnicas, entendidas por poucos especialistas.
Hopper transformou essa realidade ao criar uma ponte entre o humano e a máquina, possibilitando que comandos em inglês fossem convertidos em código de computador.
Grace também desempenhou um papel fundamental na criação do COBOL (COmmon Business-Oriented Language), uma linguagem de programação voltada a negócios que utiliza termos em inglês para realizar operações computacionais, usada em diversos setores até os dias atuais.
Reshma Saujani é uma figura central no esforço global para aumentar a participação feminina na tecnologia e na ciência da computação.
Em 2012, ela fundou a organização Girls Who Code, motivada pela necessidade de reduzir a disparidade de gênero no setor tecnológico e oferecer a meninas e jovens mulheres as ferramentas necessárias para se destacarem nesse campo.
A missão de Girls Who Code é clara: fechar a lacuna de gênero no setor de tecnologia. A organização oferece programas educativos que ensinam meninas a programar, desde o básico até níveis mais avançados, em uma variedade de linguagens de programação.
Desde sua fundação, Girls Who Code já impactou mais de 500 mil meninas ao redor do mundo, tendo parcerias com empresas de tecnologia como Google, Microsoft e X/Twitter.
Além de seu trabalho com a Girls Who Code, Reshma Saujani é defensora dos direitos das mulheres no ambiente de trabalho. Ela é uma voz ativa no debate sobre políticas de apoio às mães trabalhadoras, defendendo iniciativas como a criação de licenças-maternidade remuneradas e melhores condições de trabalho para as mulheres.
Sua campanha "Brave, Not Perfect" incentiva as meninas a adotarem a ousadia e a coragem, desafiando a narrativa social de que as meninas devem ser perfeitas e impecáveis, enquanto os meninos são incentivados desde cedo a serem ousados e aceitarem riscos.
O Outubro Rosa é muito mais que uma simples campanha anual; é um movimento global de conscientização sobre o câncer de mama, uma das doenças que mais afetam mulheres em todo o mundo.
Criado em 1985, nos Estados Unidos, o Outubro Rosa surgiu com o objetivo de promover o diagnóstico precoce, disseminar informações sobre prevenção e tratamento, além de arrecadar fundos para pesquisas que buscam a cura. Desde então, o movimento se espalhou internacionalmente, tocando milhões de vidas e se consolidando como um dos maiores esforços de saúde pública em prol das mulheres.
O Outubro Rosa é uma poderosa lembrança da força e resiliência feminina — características que ecoam as trajetórias das mulheres que transformaram o mundo da tecnologia. Assim como essas pioneiras desbravaram novos caminhos, a prevenção é um passo decisivo para vencer a batalha contra o câncer de mama.
Lembre-se: sua saúde deve ser prioridade. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura do câncer de mama. Agende sua mamografia e não ignore os sinais do seu corpo.
Procure orientação médica regularmente e incentive as mulheres ao seu redor a fazerem o mesmo. Cuidar de si é um ato de amor — a prevenção pode salvar vidas! <3
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